not@s soltas de um ‘milagre’ pequeno…

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i) not@ de abertura.

no meu entendimento, antes de tudo, convém referir que:

» estamos a disputar uma eliminatória de 180′ ante o terceiro classificado, do campeonato italiano, da época transacta e no qual foi a equipa mais concretizadora, com mais de 80 golos marcados (nós “só” marcámos 67…);

» este poderoso adversário, e considerando só as aquisições de direitos desportivos e económicos de jogadores, para a presente época, e à data e hora destas linhas, já investiu perto de 110M€ – tanto quanto o nosso orçamento global;

» como o referi anteriormente e se não é mesmo assim, tudo leva a crer que a formulação e que a (in)definição do nosso plantel, para esta época, está “dependente” da passagem à fase de grupos da Champions. e deve ser por esta razão que se vão cometendo algumas argoladas que não lembram ao Menino Jesus (e não!, não me refiro ao «catedrático»)…
(e não adianta estar agora a clamar por “e ses…” e por “se fosse eu…”, que já não adianta para nada: é com o plantel actual que vamos (in)tentar um milagre.)

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podem parecer três aspectos despiciendos, sem qualquer significância por aí além, mas acho que ajudam a perceber um pouco mais da valia do opositor que temos pela frente – e que, em bom Português, foi tão-somente a “fava” do sorteio deste ‘play-off‘, no sentido em que ninguém o desejava defrontar.

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ii) do jogo em si (e per si).

tal como tu, ao final da primeira meia hora de jogo estava a ver a nossa vidinha a andar (muito, bastante) para trás, e a considerar que tudo ficaria decidido já neste encontro, e que não seria a nosso favor, e ao contrário das expectativas criadas…
tudo estava desligado, desconectado, amorfo, “não casava” nada com ninguém. os jogadores da equipa italiana recreavam-se no nosso teatro de sonhos azuis-e-brancos a seu bel-prazer, principalmente porque o nosso meio-campo como que os “convidava” a atacar, sem clemência, a nossa área e para estupefacção daqueles. não irei aqui particularizar acções individuais no sentido em que, como Equipa, todos, sem excepção, estiveram muito mal (equipa técnica incluída).
nesse período e (muito) para lá da «discrição» a que aludiu Nuno, ficaram expostas as limitações do actual plantel, sobretudo para o que por aí virá em termos de competições europeias. até pode ser que este dê para “consumo interno”, mas para aquelas será um autêntico milagre a passagem ao objectivo (primeiro?) mais imediato e que é o pote de ouro – e acho que não há como o negar. mais: trinta minutos depois do início da partida e vasculhando num passado (muito) recente (e muito presente, também)
, só me recordo de uma equipa ter tido tanta posse de bola com sentido e com objectividade: chama-se Dínamo de Kyiv, e foi a responsável por aquele traumatismo ucraniano que viria a afectar a nossa época transacta…
portanto, foi um pouco “natural” que lá surgisse o que se vinha a evitar mais com o coração do que com a cabeça (e com os pés do Alex): o inevitável golo forasteiro, no seguimento de (mais) uma bola parada [suspiro], e de mais uma tentativa frustrada de corte ao primeiro poste, com a chichinha a respingar nas pernas de Felipe e a trair o Iker
a seguir… bem, a seguir como que terá dado um “clique” a toda a gente e, num assomo de brio e de raça, tentámos reverter essa situação (muito, deveras) desfavorável para nós. ainda levámos com mias um ou outro susto da equipa giallorossi, mas conseguimos uma espécie de “milagre” nos restantes sessenta minutos da partida – é certo que foi um “milagre” pequenito (devido ao resultado final, ao “intervalo” desta partida de 180′), mas mesmo assim um “milagre” (porque não chegámos a levar a abada que temia à meia hora de jogo).

acima de tudo e socorrendo-me a uma data de clichés futeboleiros, fica-me na retina o brio de todos os jogadores que envergaram o brasão abençoado ao peito, não havendo, no meu entendimento, quem o tivesse desrespeitado.
acho que todos suaram a camisola, “comeram a relva” e deram o melhor de si num jogo em que efectiva e comprovadamente não fomos (nem somos, nem seremos) os favoritos. e é por isso mesmo que, de certa forma, “estou satisfeito” com o que se passou ontem, no Dragão: mais do que o desconforto de um empate – e que pode vir a ser comprometedor, porquanto que estamos obrigados a marcar (pelo menos) um golo no Olímpico de Roma – gostei da entrega e da atitude pela parte de um grupo de jogadores a que se pode apelidar efectivamente de Equipa, pois que souberam colocar os interesses daquele à frente dos seus próprios interesses. por exemplo e tendo presente o jogo de ontem, não me recordo de haver quem tivesse invariavelmente rodado sobre o seu próprio eixo a fim de descobrir espaços que só existem no seu sub-consciente, e quando o que invariavelmente se pede é o toque curto para a desmarcação rápida (aquilo a que vulgarmente se apelida de “2×1”)…

ah! e para quem acha que «já estamos “fora da carroça”», e que os restantes noventa minutos que faltam disputar «serão só um pró-forma», recordo que há sempre um Nápoles para cada uma dessas descrenças.
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iii) análise individual.

Iker – há quem só retenha a fífia (ou, como lhe apelidou o Cândido Costa, «erro técnico») aos 12′ e nada mais do que aquela; pois eu recordo bem da forma como evitou o segundo golo da AS Roma, aos 25′, em três remates sucessivos, sendo que um deles foi mesmo à queima-roupa. mais “isto” sou eu que gosto bastante do nosso ‘portero‘, sendo seu admirador confesso…

Victorio Páez – jogo de rotação máxima, onde (mais uma vez) ficaram bem patentes (i) a sua entrega e determinação ao jogo, (ii) a idade que começa a pesar nas pernas e que lhe impede de fazer as “piscinas” que o jogo exige e que ele quer fazer, (iii) as limitações que possui a nível defensivo, recorrendo bastas vezes à “ratice” (a mesma que, em tempos idos, lhe abominava e que agora convenientemente reconheço que é útil).

Alex Telles – só ele acreditou que era possível evitar o golo de Džeko, aos 12′, salvando a pele de Iker. já a deste foguete brasileiro foi deixada em campo, onde esteve particularmente bem melhor a atacar do que a defender (pois que foram algumas as vezes que Salah lhe disse “adeus”).

Felipe – não se deixou afectar pelo auto-golo e foi igual a si próprio: abnegado, lutador, viril. quando souber “dosear” o seu ímpeto ante um adversário mais matreiro e mais propenso para a “queda artística”, estou certo que será caso sério.

Marcano – foi “certinho”, assertivo e regular, e bastante providencial nas dobras a Alex, a Danilo e até a Max… ao Victorio Páez. tendo em linha de conta que, desde a sua exibição, na final da Taça de Portugal, não era bem visto no seio de alguma massa adepta (onde me incluo), foi bem bom o que conseguiu produzir, ontem.

Danilo – tal como o resto da equipa, “andou aos papéis” e muito perdido no campo, naqueles 30′ iniciais. depois, conseguiu concentrar-se e encontrar-se com o futebol que sabe que consegue jogar, tendo ajudado (e muito!) a estancar aquela sangria de ataques viperinos italianos.
(confesso que gostava mais de o ver jogar a central, libertando outros jogadores do plantel para uma tarefa para a qual ainda apresenta limitações: sair a jogar com a bola redondinha. ontem, no decurso daqueles nefastos 30′, também foi isso que pensei…).

Herrera – tal como com os seus companheiros de sector, depois daquele pesadelo inicial, encontrou-se e passou a atinar e a assentar o seu futebol – actualmente feito de passes curtos e verticais, no sentido da procura de espaços mais próximos da área adversária. apareceu amiúde na grande área romana, liberto de marcação e com probabilidades fortes de ser feliz e de nos deixar muito contentes, mas a redondinha nunca lhe chegou aos pés nessas ocasiões.

André² – pode ser impressão minha, mas acho que não está em boa forma física. e que tal dura desde o final do ano civil de 2015, depois da lesão contraída ao serviço da “equipa que (decididamente não) é de tod@s nós”®, depois de dois jogos “amigáveis”. o futebol que tem nos pés, para dar e vender, também não se coaduna com as actuais funções que lhe pedem para desempenhar – sobretudo mais defensivas e no centro do terreno, numa espécie de “duplo pivot” que não chega bem a sê-lo. pode ser que…, não é? pois é, pois é...

Adrián López – os comentadeiros da estação (cada vez mais, muito pouco) pública de televisão admiraram-se com o seu rendimento. porventura estavam à espera que fosse a versão 2.0 do taarabt ou 3.1 do labyad… correu-lhes mal, ao contrário da exibição deste jogador espanhol que “deu o litro” e, tal como Herrera, apareceu sempre em zonas de finalização. por exemplo, o penalti que nos foi assinalado resulta de um cabeceamento do espanhol. outro: não fora o corte providencial com a mão, por parte de Palmieri, e Adrián estava em boa posição para poder concretizar. e marcou um golo de belo efeito, mas não contou.
ah!, quase que me esquecia deste facto relevante: desde que chegou ao Dragão e já lá vão três anos, pela primeira vez foi brindado com palmas pela parte da mesma plateia que lhe é (muito) hostil. já não era sem tempo, digo eu…

Otávio – quem foi ao Dragão, ontem, não pode ter saído desagradado com o perfume do futebol deste enorme talento. na minha retina e para lá de todos os lances ofensivos que criou, fica-me aquele sprint, rumo à nossa área, pelos 70′, para desarmar o sioux Nainggolan. e conseguiu-o.

André Silva – mais um golo, num penalty muito bem marcado (e no qual depositava confiança, mas com o cachecol que tinha na mão a ser bem torcido, tantos eram os meus nervos). foi esforçado, lutando sozinho contra duas torres que não lhe deram descanso e que o deixaram muito mal-tratado – aliás, tendo sido vítima de uma agressão, aos 69′, aquando da marcação de um livre, num lance que o vesgo do holandês viu mas não quis punir adequadamente o infractor.
teve várias oportunidades para juntar mais um à sua conta pessoal, mas falhou-as todas. se acho isso bem? é pá, não me fodam! é um puto com 20 anos! já muito faz ele e tendo em consideração a responsabilidade que tem em ombros (e nos pés. e na cabeça, também).

Layún – entrou para render o André², mas com a missão de ajudar o Victorio Páez nas tarefas defensivas. e para a marcação das bolas paradas. e para fazer um remate perigoso mas que embateu nas pernas de um defensor italiano.

Corona – entrou para um futebol mais vertical, rumo à área adversária. conseguiu-o a espaços, pois não foi capaz de decidir assertivamente nos (poucos) duelos individuais que travou (sobretudo com Florenzi).

Evandro – só compreendo a sua entrada em campo e em detrimento da do Ruben, numa perspectiva de poder “estancar” a luta no meio-campo e numa altura em que, apesar do cansaço evidente (por estar a jogar com 10), os romanos conseguiam equilibrar a contenda. e de conscientemente se optar pela experiência do médio brasileiro para o que restava da partida e ao menos se conseguir o empate (o resultado “menos mau” dos três possíveis). se assim foi, o objectivo foi conseguido, porque não comprometeu.

a propósito daquela substituição, abro uma excepção para fazer a minha análise ao que “vi” dessa situação:
acima de tudo, não embarco nas críticas à opção de Nuno Espírito Santo, por este ter feito entrar o Evandro e consequentemente “ter promovido” o choro compulsivo do Ruben. tratou-se de uma opção técnica e ele está lá para as tomar e arcar com a suas consequências. pois logo se especulou (e muito!) com esse episódio – até se aventou que teria sido o último jogo do Ruben (!!!)… – tentando-se criar um caso onde não houve razões para tal, mormente pela parte do jornalixo tuga, tão ávido em fazer esquecer as quezílias que fazem com que o luís grande “vá de carrillo“… não sei porquê, nesse momento recordei-me do célebre episódio da substituição falhada do André Silva.
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futuro© UEFA | Tomo III
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obviamente que é impossível não abordar uma pequena análise à “arbitragem” de björn kuipers [escarro] e ‘sus muchachos‘.
a boa notícia é que esta equipa, esta comandita, esta cambada, não marcará presença no Olímpico de Roma, na próxima Terça-feira; a má notícia é que, de facto, dá a impressão que há, na UEFA, quem faça tudo por tudo para que o favoritismo da equipa romana prevaleça acima de tudo, de tod@s e em honra dos intre$$es que estão inerentes…

neste entretanto:

» perdoou o vermelho directo ao parvalhão belga que agrediu o André Silva, quando este se isolava rumo a um golo (mais do que) provável, e conforme a imagem acima documenta;

» recordou-nos Basileia, em novo momento caricato, por ter voltado atrás na decisão de validar um golo cujas dúvidas de um hipotético fora-de-jogo só são dissipadas via televisão;

» ao contrário daquele lance, não consultou o árbitro de baliza, aquando do autêntico lance de andebol que Palmieri protagonizou na área da formação romana (aqui, aos 01’02”), mesmo a fechar a primeira parte – numa grande penalidade tão evidente que, se não fosse assinalada numa hipotética situação contrária, até faria ruir o Coliseu de Roma;

» viu a agressão sobre André Silva, aos 70′, mas não a quis punir convenientemente, optando por chamar os jogadores à ilharga e conferir-lhes o respectivo “puxão de orelhas”;

» foi sempre (muito) lesto a apitar contra nós, sobranceiro para com os nossos, e parcimonioso para com os arruaceiros romanos.
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bem… Terça-feira há mais, com certeza. antes, há um Estoril para levar de vencida.

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disse!
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11 thoughts on “not@s soltas de um ‘milagre’ pequeno…

  1. Bom jogo tirando [aqueles] 20 minutos.
    Os cancros continuam cá (Herrera, Layún, Evandro, Brahimi, Abou, e mais um ou dois ). Ninguém lhes pega, nem de borla se calhar.
    Precisamos, há anos, de 2 médios a sério; [é esse] o grande problema do Porto. Descobrimos um Otávio mas faltam ainda dois. André² não tem intensidade, serve para ajudar quando esta em excelente forma física mas pouco mais.
    Sem [azares e um árbitro em condições] tínhamos a [eliminatória] na mão [contra] uma equipa com pouca experiência europeia e de champions.
    Temos grupo, temos vontade. [Se não há dinheiro tem que haver (Gonçalo) Paciência, que tem lugar nos 24, e rafa, podendo avançar Telles que é um grande jogador.]
    A Roma tem equipa para 30 minutos, temos muitas chances de passar. Não podem acontecer [é casos como os de Ruben Neves e de Gonçalo Paciencia; é que foi assim] que o Nuno perdeu o grupo e o público em Valência. Falta ainda “algo” a Nuno, mas já tem um grupo coeso. E com juízo e mais dois médios, o campeonato será [como] limpar o cu a meninos.

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    1. @ “maria”

      antes de tudo, obrigado pela visita e pelo comentário.

      sobre este último: convivemos com alguns «cancros» no balneário, mas o Nuno «já tem um grupo coeso»… desculpa, mas não compreendo esta lógica…
      precisamos de «dois médios a sério», no teu entendimento. ok! dando de barato que actualmente temos sete opções para esse sector, a pergunta mil(h)ionária que se impoõe é: e haverá carcanhol para a sua aquisição? é que «médios a sério» custam dinheiro…

      ps:
      não sabia que Miami ficava na capital do Império, lá para os lados do Intendente… deve ser como Paris: há a cidade das luzes e aquela outra que fica no Estado do Texas (USA)…

      cumprimentos
      Miguel | Tomo III

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  2. A equipa tem vontade e isso já é alguma coisa.

    Sobre o plantel, nem vale a pena falar. Depois da pré-época mais longa da história da Humanidade, chegar a uma altura de decisões importantes e nem conseguir ocupar todas as vagas de inscrições… Acho que está à vista o trabalho de quem manda no Clube. Se quem manda é assim, não vale a pena sonhar com conquistas…

    Abraços

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    1. @ pyrokokus

      compreendo e respeito (muito) a tua mágoa, o teu desgosto, a tua revolta. e estou solidário nessa dor porque, de facto, a “planificação” desta época desportiva aparenta não ser a melhor – por exemplo, voltamos a ter problemas graves de comunicação, dado que ainda não foi desmentido o rumor de ontem à noite e que dava conta da saída de Antero Henrique.
      mais: não me importo “muito” que este volte a ser um ano zero. não há “ar”, não há “trutas”, só há a prata da casa e os que cá estão. ok! aceito essa condição. haja é a coragem de o afirmar aos sócios. o que se passa, entretanto? nada (ou muito, mediante a interpretação dos factos): encostamos quem num Passado recente foi bastante criticado, vamos concedendo algumas oportunidades (poucas) à Juventude do plantel, contratámos um “pinheiro” que não nos pôde ser útil para a eliminatória contra a AS Roma, os empréstimos de jogadores “estagnaram” quando até aparentava haver rumo… enfim: um chorrilho de actos de gestão que nos impacienta a tod@s…

      é por isso que (repito-me) estou solidário na tua dor e na tua revolta – curiosamente “contra” os mesmos que permanecem no P(h)oder há mais de trinta anos e que tantas alegrias nos proporcionaram (sim: o pretérito perfeito não foi coincidência)…

      abr@ço
      Miguel | Tomo III

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    1. olha tu! 😀
      por aqui, grande Filipe? é pá, que bela surpresa num dia cinzentão 😀

      ps
      eu acredito que repetiremos essa gracinha (pois não pode ser de outra forma e um dragão nunca desiste, vai sempre à luta e nunca se dá por vencido, seja em que circunstância for) 😉

      forte abr@ço
      Miguel | Tomo III

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