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caríssima(o),
escrevo-te a caminho da margem Sul – do Seixal (Setúbal), mais concretamente. será aí que passarei a mudança de ano, em família. viagem tranquila porquanto que o meio de transporte utilizado é público e não é conduzido por mim.
mas, neste entretanto, o espírito não é festivo, antes pelo contrário. na memória ainda estão vivos todos os momentos do jogo de Terça-feira, sendo que não me refiro só aos que ocorreram dentro do terreno de jogo. aliás, estou profundamente desagradado com muito do que vi e presenciei nas bancadas – mas já lá vamos.
acho que ambos concordamos que o que aconteceu foi mau. muito mau, até. mau demais. e que não inspira confiança para o futuro mais imediato, numa sucessão de partidas sem fim, até ao epílogo do próximo mês de Fevereiro – sendo que a que se disputará no reino perdido dos viscondes falidos de Alvaláxia é importante tão-somente porque é a próxima de um ciclo verdadeiramente infernal.
o que eu vi e testemunhei, no início desta semana, foi um Todo à deriva e que não se esgota na casmurrice do treinador e na inépcia de alguns “artistas” do actual plantel azul-e-branco. começou com as declarações provocatórias, do nosso querido líder, para com a massa assoBiativa do Clube, passando-lhe um atestado de burrice com as letras todas e terminou no “vulcão” de insatisfação suprema desta última, que alastrou a todos os sectores do estádio. já agora, confesso que depois da derrota humilhante de Terça-feira e mesmo que tenha sido para a ex-taça da bjeKa, conviria que o Líder tomasse a palavra nessa altura, conferindo um serenar de ânimos que se impunha. como não o fez, fica a sensação de que, quando falou, fê-lo “de cima da burra”, o que me desagrada bastante – e não estou sozinho neste sentimento.
mais: também eu não aceito que se deixe ao abandono o Treinador e o grupo de trabalho ao seu dispor, numa semana em que o Temor, pelas consequências que advirão do encontro ante a formação que traja aquele verde-pijaminha, mudou de lugar, bem como a convicção plena num resultado positivo. é que as expectativas criadas pós-humilhação com a agremiação do “guardanapo” foram reduzidas ao expoente máximo de valores mínimos – bem mais baixos do que o QI do burro do Carvalho.
(já agora e porque alivio a Alma depois de um longo período de imposta “reclusão”, confesso-te a minha “urticária” por constatar que o presidente “guardanapo” é a mais recente amizade do nosso querido líder, e depois de tudo o que se disse, se escreveu, se acusou e sobretudo se difamou, contra a nossa cor, no imediatismo da contratação do Kléber. é mais um facto difícil de digerir, depois dos inacreditáveis e inenarráveis convites a quem tanto nos maltrata e vilipendia diariamente, com redobrado gosto, no jornalixo tuga, para assistir à gala dos Dragões de Ouro, por parte de quem ainda granjeia carinho, afecto e consideração e com um manancial incrível de “crédito”… tempos difíceis de “consumir”, confesso-te…)
portanto e para mim, no meu entendimento de ‘blogger’ afecto ao meu clube do coração e de Sempre, sem qualquer relação e/ou contacto privilegiado na cúpula do P(h)oder, o que a actualidade do nosso quotidiano me transmite resume-se num só termo: Instabilidade.
acredito que haja instabilidade directiva e não serão 457,5 milhões de razões que me farão pensar o contrário, e por mais méritos que que se tenha que reconhecer a quem conseguiu tal contrato – haja a sensatez de saber aplicar convenientemente essa soma astronómica. se eu, tu, nós todos andamos lixados da Vida e com um F bem maiúsculo, certamente que lá, na cúpula, o ambiente também não será o melhor. assim como, com muita certeza, o voto de confiança no treinador partirá de muito poucos elementos, a começar e a terminar no Presidente. ou seja e traduzindo: instabilidade. e descrença no Rumo traçado para esta época, a qual está longe de estar perdida, mas que se (pres)sente momentaneamente à deriva.
certamente que essa instabilidade passa para o treinador. que se tente alhear da indignação do mesmo público que o deveria apoiar, é compreensível – apesar de eu reconhecer que, na passada Terça-feira, houve legitimidade para aquela indignação. e só se Lopetegui for um “louco” insano é que poderá julgar que vai ter o ambiente estabilizado no próximo encontro a ocorrer no palco que deveria ser o nosso teatro de sonhos azuis-e-brancos e que, esta época, não o está a ser, de todo. é (mais do que) óbvio que não vai ter vida fácil e mesmo que traga um resultado positivo de Alvaláxia – sendo que este, para mim e no Presente, significa não perder.
que (in)tente passar a mensagem, para o Exterior, de que aquele cenário a fazer lembrar aquela localidade do distrito de Leiria, não o afecta nem ao balneário à sua disposição, isso é lá com ele – e mesmo que essas declarações soem a falso, porquanto que tem olhos e ouvidos, e aquele ambiente foi bem visível e bastante audível…
em suma: instabilidade ao nível da gestão do grupo de trabalho.
também não duvido que haja instabilidade naquele mesmo grupo de trabalho. os jogadores não são seres virtuais, ‘avatares’ de jogos de computador, antes homens de família e por mais contas que possuam nas redes sociais. assim sendo, não são alheios ao que os rodeia. e o que vivenciaram na Terça-feira não os sossegará no imediatismo do futuro imediato, antes pelo contrário. acredito que, a partir de agora, a bola passará a “ter picos”, a “queimar” ainda mais nos pés de alguns, com a responsabilidade do Brasão Abençoado a pesar bem mais no peito de quem sente o Clube para lá do vencimento mensal (quero acreditar que ainda haverá quem sinta o meu Clube naquele balneário). e este meu sentimento é indistinto de alguma rigidez táctica que se vai notando, cada vez mais às claras, e que desestabiliza o jogo que a Equipa pretende praticar. aliás, a este propósito, tão assim é que, num jogo de Taça da Liga (!!), o “espartilho táctico” é tal que conseguiu enervar um adepto que muito prezo e estimo, e tenho por calmo, cordato e sensato. a sua gota de água aconteceu à enésima vez que um nosso central, com espaço para subir e com a bola controlada, à entrada do meio-campo adversário, “bloqueia” à procura de um médio para endossar a responsabilidade de ser aquele a ter que construir jogo… já eu desesperei, por mais do que uma vez, e para lá dos inadmissíveis erros defensivos (indesculpáveis até em encontros de amigos!), com a missão castradora que se atribui a Imbula. os últimos dez minutos demonstraram que o francês possui mais futebol do que aquele que vem exibindo de forma pálida.
em resumo: provavelmente o balneário transpira instabilidade, mais do que táctica, sobretudo emocional e de confiança (ou da falta desta última). e tudo “isto” em contraponto com a época transacta. ou se calhar, não, e tudo “isto” já existia e eu era só mais um que não vislumbrava o que era “óbvio” para alguns, menos para mim… confesso a minha “cegueira” a esse ponto… mais do que um defeito, tenho esse feitio de, mesmo nas desventuras das “tempestades” e dos “mares revoltos”, acreditar sempre na “Bonança”. por exemplo, enfardávamos dois no bucho, a dez minutos do fim, com um ambiente de cortar à faca nas bancadas, e eu ainda acreditava que havia tempo suficiente para marcarmos (pelo menos) quatro golos. sim!, sou crente a este ponto… e é por isso que, mais do que o resultadismo do marcador final, ainda não esqueci as lágrimas sinceras que vi escorrer por mais do que um rosto e nem todos femininos, nem todos… assim como ainda julgo ter sonhado em ver adeptos trajados com a cor azul-e-branca a comemorar o terceiro golo da equipa insular…
concluindo este testament… este texto incrivelmente looongooo, redigido enquanto não chego ao Oriente e à sua famigerada gare:
muito provavelmente serei eu, enquanto adepto, que estarei emocionalmente instável e a vislumbrar instabilidade em sectores do Clube onde só se respira Confiança absoluta e suprema segurança. quero acreditar que assim será. porém, os “sinais” transmitidos no último mês e meio, sensivelmente desde a derrocada daquele traumatismo ucraniano caseiro, para a ‘Champions’, demonstram que o erro não reside na massa adepta portista, por mais volátil, instável e assoBiativa que seja.
quero acreditar que ainda vamos a tempo de emendar este rumo que me parece algo desorientado, de inverter uma marcha em direcção ao abismo de mais uma época “a seco”. aquelas lágrimas genuínas, que referi ali em cima, e que vi claramente visto por mim e não por interposta pessoa, merecem essa inversão. haja o bom-senso de o perceber e a vontade em executá-la. Ontem já era tarde…
por último e não menos importante, quero desejar-te (e aos que te são mais queridos) um Próspero 2016, cheio de muitas e agradáveis surpresas – preferencialmente em tons azuis-e-brancos 🙂
abr@ço forte
Miguel | Tomo III